quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O tempo do amor é infinito

Seleção natural sem predação! Como, meu Deus, como ninguém pensou nisso antes?!?

O ambiente, a realidade que nos circunda, tal qual se nos apresenta, desde sempre separou o joio do trigo. Aí veio o bicho homem e decidiu que ele próprio iria decidir o que é joio e o que é trigo. Não foi lá a mais brilhante das idéias, mas bom, sou da opinião de que não custa nada tentar. Não deu certo. Estamos matando uns aos outros, prendendo uns aos outros, guerreando uns contra os outros, todas essas coisas em que só nossa espécie conseguiu ir tão longe.

A seleção natural é erroneamente simplificada pelo aforisma: "os mais fortes sobrevivem". Essa descrição é razoavelmente válida num ambiente predatório e competitivo, um que exige disputa pela sobrevivência. Porém, vejam bem, basta que sejamos minimamente civilizados (e tenho certeza de que vocês adoram sentirem-se civilizados) para que possamos deixar cada qual viver em seu pedacinho de terra, como cada um acredita ser certo, sem precisarmos atirar mísseis uns nos outros. O mundo é grande o bastante para todos. Exceto, talvez, quando a guerra é por uma "terra santa". Pensando bem, talvez não sejamos minimamente civilizados.

De qualquer forma, a questão é: A partir do momento em que se cria um ambiente de harmonia, o potencial da seleção natural se multiplica. Não são mais os "mais fortes" quem sobrevivem, já que não há competição por sobrevivência. Quem se sobressai então, economico, social, cientifica e, hehe, religiosamente! é finalmente quem melhor satisfizer nossas verdadeiras necessidades, não apenas materiais ou espirituais, mas todas elas. Quanto mais cooperativo for o ambiente, mais potencial de evolução possuímos.

Gradualmente, toda a humanidade seguiria não o mesmo caminho, mas a mesma direção. A da evolução, da integração. Se não há guerra, não há pressa. O tempo do amor é infinito.

O que nos impede de aceitar que os outros tenham suas crenças? O que, enquanto espécie, nos motiva a erradicarmos uns aos outros? Por que, por que não conseguirmos aceitar nossas diferenças?

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Nada mais a declarar

Feliz 2009!!!

"Das luzes inimigas
Dos falsos amigos
Das cores distorcidas
Dos becos sem saída
Do escuro de qualquer lugar
Das estradas de mão única
Da morte e também da vida
Salve-se quem puder!"
Módulo 1000

domingo, 28 de dezembro de 2008

Pra terminar o ano.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Ser e Tempo

Os perscrutadores da realidade ocasionalmente passam por experiências que lhes modificam profundamente a percepção, tornando-se-lhes impossível que voltem a viver da maneira que conheciam.

Passei a alcançar muitas dessas felizes experiências através do uso de enteógenos, especialmente a ayahuasca, ou expansores sintéticos da consciência, como o LSD. Não que seja preciso ficar "se drogando" o tempo todo para esse fim. É possível conservar a sensibilidade e a inspiração advindas da abertura desses canais da percepção, bastando para isso uma cuidadosa e constante observação dos acontecimentos que nos cercam, buscando-lhes o sentido, não oculto, mas implícito.

A mais recente de minhas experiências transformadoras se deu ontem a noite, assistindo ao Zeitgeist Addendum. A qualquer um que, em sua tábua pessoal de valores, tiver em baixa estima a escravidão e a alienação, eu recomendo que assista. Pessoalmente, ouvi muito do que eu já sabia: mas organizado em forma de documentário, com propostas concretas de utilização sustentável de recursos e, consequentemente, uma proposta de sociedade onde dinheiro e governo não mais existam.

Queria ser otimista quanto à eventual mutação de nossa sociedade arcaica em uma que realmente leve em consideração o entendimento holístico e as possibilidades tecnologicas de que hoje dispomos... e até sou! Mas ainda assim, sinto um cheirinho de sangue e guerra...

Oh, bem... já escrevia Frederico, em algum lugar no tempo entre 1883 e 1891:

"Até para o mal há um futuro. E ainda para o homem se não descobriu o meio-dia mais ardente.

Quantas coisas se chamam já hoje as piores das maldades e que, todavia, não têm mais de doze pés de largura e três meses de duração.

Um dia, porém, virão ao mundo dragões maiores.

Que para o Super-Homem ter o seu dragão, o super-dragão digno dele, serão precisos muitos sóis ardentes que caldeiem as úmidas selvas virgens!

É preciso que os vossos gatos monteses se transformem em tigres, e os vossos sapos venenosos em crocodilos: porque ao bom caçador convém boa caça!

É a verdade, justos e bons! Há em vós muitas coisas que se prestam ao riso, especialmente o vosso temor pelo que até hoje se tem chamado demônio!

E a vossa alma está tão longe do que é grande, que o Super-Homem vos espantaria com a sua bondade! E vós, sábios e ilustrados, fugiríeis ante a ardência solar da sabedoria em que, prazenteiro, banha o Super-Homem a sua nudez!"

Assim Falou Zaratustra - Da circunspecção humana

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Um novo ramo de pesquisa

Os psicanalistas, ao meu ver, empreendem um admirável esforço para amenizar o sofrimento dos mentalmente enfermos. Por que não fazem semelhante esforço para aplacar a mediocridade do neurótico comum?

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Enquanto isso, na Sala da Justiça...

"É necessário um tipo de ecologia humana", diz Bento Dezesseis, bem a tempo de ganhar o prêmio de comparação mais infeliz de 2008

Ô seu papa, pensa bem! Quanto mais gays no mundo, menor vai se tornar a taxa de natalidade. Sei que isso assusta a europa, mas é a melhor coisa que poderia acontecer a esse mundo cheio de gente nas próximas décadas! Bom, de um cara chamado dezesseis eu devia esperar esse tipo de falácia.

Pra não discutir semântica

Quando digo que a espiritualidade é uma alegoria poética, quero dizer que ela, por si só, não constitui um caminho verdadeiro, um curso real de ação. Cada vez mais acho a matéria inseparável do espírito, e creio que assim também o crê a física moderna.

Ainda assim tendemos a abordar as questões do espírito como que separadas, como se evoluir espiritualmente fosse, de alguma forma, uma negação da matéria. Não! Isso é fruto de filosofias absolutamente anacrônicas, inadaptadas a um mundo que está aprendendo cada vez mais sobre si mesmo! Por que distanciar espírito e corpo? Consciência e ciência?

Olhar ao redor é, as vezes, terrível, assustador. A impressão é a de uma humanidade afundando-se cada vez mais, afastando-se de sua própria evolução e caminhando para a auto-destruição. E aí sentimos medo. Ou odiamos. Ou nos refugiamos numa pretensa evolução interior.

Mas toda época traz em si a semente do futuro próximo. Não no óbvio, não nos valores e tradições arcaicas que se arrastam no tempo e tentam consolidar a história como se já consumada, ou fazer-nos dar meia volta e caminhar em direção ao passado. É na imaginação que está plantada essa semente, na ousada criatividade que adentra a superfície de nosso tempo e atribui-lhe valores fantásticos.

"O que é preciso, para estar presente, é ser contemporâneo do futuro."
O Despertar dos Mágicos, Louis Pauwels

Vou me valer de mais algumas palavras que li nas primeiras páginas desse livro:

"Mesmo as épocas de opressão são dignas de respeito, pois são a obra, não dos homens, mas da humanidade, e portanto da natureza criadora, que pode ser dura, mas nunca é absurda. Se a época que vivemos é dura, temos o dever de amá-la ainda mais, de penetrá-la com o nosso amor, até que tenhamos afastado as enormes montanhas que dissimulam a luz que há para além delas."
Para onde vai o mundo?, Walter Rathenau

e finalmente

"É preciso não contar demasiadamente com Deus, mas talvez Deus conte conosco..."
Últimas palavras do padrasto de Pauwels, a quem este dedica o livro

domingo, 21 de dezembro de 2008

Estou ficando louco?

Ultimamente, só tenho falado sozinho.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Considerações orgânicas sobre a tal espiritualidade e a consciência

Destruição precede criação
Morte precede nascimento

Morte! Morte! Morte ao ego? Que há de se almejar com a morte do ego?
Que há de tão horrível nesta terra, que nossas aspirações mais altas precisem apontar a platônicos além-mundos?
Se bem que alguns são motivados pela mais pura vaidade. Que paradoxo, que engraçado labirinto! Matar o ego por vaidade!

Que é espiritualidade? Que é, senão uma alegoria poética? Não seria mais sensato falarmos em expansão, evolução da consciência?
Que é ego? Como chegar a ele, observá-lo? Não seria uma melhor descrição falarmos em auto-importância?

O "eu" e o isolamento já foram demasiadamente celebrados. E onde se celebra o "eu", se rebaixa o "outro", o "não-eu". Mas todos os contrários são também unidade. Tudo que se opõe há de gerar... uma síntese!

Portanto eu proponho a vocês, meus amigos... e só a vocês, meus verdadeiros amigos, poderia eu propor: que o dispersar da auto-importância, a destruição do "eu", e assim, do "não-eu", sintetise o "nós".

Uma célula pode ser, por si só, um organismo. Mas somos nós mesmos um aglomerado de células constituindo um organismo funcional e, oh meu Deus, consciente! A célula, por sua vez, é algo mais vivo e consciente que as moléculas que se aglomeraram para formá-la. É óbvio que, enquanto espécie, não podemos continuar a existir apenas por nós mesmos, sem o resto do planeta... da mesma forma que o cérebro não pode viver por si só, sem o resto do corpo. Com essas simples observações, não podemos concluir, ou no mínimo especular, que todos nós, organismos pluricelulares, somos juntos algo ainda maior, mais vivo e mais consciente? Que tudo o que julgavamos ser "não-eu", tudo o que (em nossa ego-ísta impressão) parece existir fora de nós seja, na verdade, extensão de um mesmo ser, nosso ser?

Enfim, para sintetizar em uma sentença: Não seria integração a essência da evolução da vida?

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

todo rastafari é, a principio, preguiçoso

Ah, se eu pudesse
e se meu dinheiro desse
todo dia mudaria de rotina
tanta coisa eu faria

Ah, sim, trabalharia
mas não de forma exaustiva
um trabalho divertido
e nada repetitivo

Ah, que faria de todos os meus dias
tudo aquilo que quisesse
sexo ao amanhecer
no crepúsculo, entre amigos, um beck

E olhar todas as coisas
o sol e o mar, o céu e a terra
como se elas fossem minhas
e se eu fosse parte delas

E agradecer então
por mais um dia de vida
tão bom quanto o de hoje
tão comum quanto o de qualquer dia

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

quase como dizer "se nao puder ajudar atrapalhe pois o importante é participar"

Deus me disse "desce e seja bem escroto".

Caminhando pelas ruas, preocupado em como melhor atender as divinas exigências, eu concluí que não havia como democratizar os recursos, redistribuí-los de forma justa, transformando a sociedade e o sistema num pseudo-mar-de-rosas. Mas havia uma forma de tornar o mundo um pouco mais democrático e era distribuindo o lixo e a mizéria.

Não, de fato não era uma desculpa pra fazer baderna, mas passei a jogar os chicletes mastigados na calçada, em lugares estratégicos onde eles tinham maior probabilidade de serem pisados e redistribuídos, aos pedaços, de pé em pé, por todos os bairros de minha cidade e além.

Não satisfeito em exercer a democracia em âmbito municipal, venho a esta rede global democratizar o que não presta.

Não posso igualar os idhs de todos os estados/países, mas posso proporcionar a cada pessoa que tiver a sina de ler minhas palavras um pouco da tragédia de todo baiano alfabetizado.

Quem sou eu
Que o nosso canto se faça escultar negão
Esse é o canto da lage
Quem sou eu?
Quem sou eu?
(Quem sou eu? Quem sou eu?) (x2)
Fera ferida
Fogo na batida eu sou
(Fera ferida! Fogo na batida eu sou) (x2)
Bicho do mato
Não mando recado
Tá pra nascer um sujeito
Pra colar do meu lado
Bicho do mato
Não mando recado
Tá pra nascer um sujeito
Que cole do meu lado
Quem sou eu? Quem sou eu?
(Quem sou eu? Quem sou eu?) (x2)
Fera ferida
Fogo na batida eu sou
(Fera ferida! Fogo na batida eu sou) (x2)
Fera ferida bota terror na cidade
Sou shake style
Você já ouviu falar de mim
Peço respeito, amor e paz
Eu sou do bonde da massa rapaz
Quando eu passo eu levo, arrasto
Vem cantando assim
Quem sou eu? Quem sou eu?
(Quem sou eu? Quem sou eu?) (x2)
Fera ferida
Fogo na batida eu sou
(Fera ferida! Fogo na batida eu sou) (x2)
Bicho do mato
Não mando recado
Tá pra nascer um sujeito
Pra colar do meu lado
Bicho do mato
Não mando recado
Tá pra nascer um sujeito
Que cole do meu lado
Quem sou eu?
Quem sou eu?
(Quem sou eu? Quem sou eu?) (x2)
Fera ferida botando terror na cidade
sou shake style
Você já ouviu falar de mim
Peço respeito, amor e paz
Eu sou do bonde da massa rapaz
Quando eu passo eu levo, arrasto
Vem cantando assim
Quem sou eu? Quem sou eu?
(Quem sou eu? Quem sou eu?) (x2)
Fera ferida
Fogo na batida eu sou
(Fera ferida! Fogo na batida eu sou)

Sim, senhoras e senhores, vocês acabaram de ler uma letra de pagode baiano, Fera Ferida, do Parangolé. E não reclamem, eu escolhi a menos pior.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Vida

Há lugares onde a vida nos traz
Que a gente não sabe o que faz
Pra onde vai
A gente fica sem saber pra onde essa vida vai

Vai, Vida, vai

Como um caminhão de flores no deserto,
Ela vai
Como uma lição de amor e esperança,
Ela vai

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

FOAPs

A cada dia um golpe
guerrilha
é a nossa sorte
nosso jogo, até a morte
um guerrilheiro que se vai

Sao dois sargentos que se montam
e assim o ciclo permanece contínuo
crescente
evoluindo a favor de uma causa realmente nobre
simplesmente natural!

Assim nos vamos na escuta
nas sombras
nas entrelinhas
acompanhando cada passo
e por mais que sinta-se safo
com certeza, nao estás!

Nossa reforma é lenta
sutil
suavemente intrigante
instigante
absoluta!

A discórdia é o pavio
as sirenes o levante
silencioso
discreto!

E no fim das ondas
permito-me ir mais devagar
e quanto!!!

e quando?

e como???

- Francisco Reis -

Minha

Segurei com força teus cabelos negros
Senti o corpo arrepiar ao tocar a teu, em chamas
Queimaste minha pele
Eu fui apenas Desejo
Desejo e Sanha.
Inflamado, entrei em você.
Busquei o calor dum beijo, dum enredo, um samba
O teu vai e vem era melodia.
O corpo queimava e excitava.
Ardia.
Fechei os olhos.
Eu não pude despertar
Verti sofregamente,
Em teu ventre,
Cada gota de prazer e dor que o meu corpo soube te infligir.
Enquanto você louca, me pedia:
- Mais fundo!
Abri mão de meus pudores, limites.
Minhas manhas.
Percorri tuas montanhas
Devassei tuas entranhas.
E te ouvi gritar meu nome.
Nossos corpos entrelaçados enfim puderam se entender
E então, você pôde finalmente ser
Marcada, calada, devastada
Minha.

Chico Buarque/Stephane L
(este é um poema meramente fictício, qualquer semelhança com fatos reais será merá coincidência)

domingo, 23 de novembro de 2008

Será excesso de maconha?

Até falei disso com Ster a alguns dias atrás. Queria descrever um sentimento, mas fugia-me a palavra.

Ela sugeriu "lealdade". Não, não era. Lealdade pressupõe de certa forma subjulgar-se a algo e o sentimento é de extrema liberdade e abandono.

Sugeri em seguida "cumplicidade", mas pensei melhor. Cumplicidade é fechada, exclui os não cúmplices. O sentimento era de querer abraçar a quantos eu pudesse!

Agora, agorinha mesmo, David Byrne me lembrou a palavra recalcada... era confiança.

sábado, 22 de novembro de 2008

O tempo a passar

Que doa a toa
um momento em vão
lapso de consciência
a cara no chão

Perdi os controles
consoles, tabaco, rum
um borbulhar na barriga
e um fedido peido

Ah, vê problema?
Seu nariz se empina a tais alturas
que o julga imaculável
pelo odor de minhas entranhas
Há! Pois agüenta, altivo
pois é também deveras polido
para apontar-me o dedo
é indefeso
tem medo

Um momento!
Em vão escrevo
enrolo um trevo ou baseado
pra morrer com o tempo que mato
fumando mato
um hiato
na consciência
na awareness
se é que você me entende

É que é tudo tão complicado
essa coisa de dominar e ser dominado
disfarçado de respeitar e ser respeitado
que às vezes a gente precisa de um tempo
não concorda, meu irmão?
Pois bem, achei esse tempo
e não se parecia com o tempo que eu conhecia
um templo
prisão
sem tempo pra mim, pros outros
só pro tempo a passar
linear
mas não mais!

Num lapso de consciência
de pernas pro ar
liberto-me na essência
do pudor de aprisionar
O tempo é outro
é tempo de amar

Amor é liberdade
Liberdade é amor

Então doutor
perdoe-me pelos gases
são fases, preciso me limpar
desagradável que seja
doa a quem doer
ao menos, não dói à toa
ressoa a um tempo futuro
uma força que tudo move, comove
sabe, doutor Beto
all we need is love

Para você que tem filhos pequenos

Aqui vai uma dica bacana de livrinho ilustrado educativo.

Infelizmente só tem pra comprar em inglês, mas a historinha em português está na íntegra online.

Na hora do vamos ver

http://simplesmente.com/2007/09/15/deve-ser-brincadeira-sr-feynman/

ou você alguma vez confiou nos universitários no Show do Milhão?

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Vivendo e aprendendo

Vivi longos anos
poucos, é verdade
mas longos
e sempre que prestei atenção
algo tinham a me ensinar

Vivi cada coisa a seu tempo
fui criança de verdade
aprendi que sabia correr
subir em árvores
que sabia amar e sofrer
e cantar
e crescer

Cresci
Vivi a dor de tornar-me
o que?
Que importa?
Aprendi que tornar-se sempre dói
Algo se quebra
como crisálida
E algo mole e disforme
enrijece

Pois tornei-me!
Tornei-me trezentas vezes mais
e com a dor aprendi
se a vida é inevitável mutação
quão rijo posso ser?
Aprendi a tomar formas fluidas

Vivi entre meus semelhantes
em diversas formas e tamanhos
nunca se pareceram comigo
nem uns com os outros
Os vejo tão sozinhos
sem se parecerem com nada
Caçam diferenças
e chamam a isso sua individualidade

Aprendi a não caçar diferenças
É um esporte solitário
Se serei caçador, quero minha alcatéia
pra que corramos juntos
e uivemos
e celebremos
Perco-me de mim
me encontro em vocês
caçando nossa igualdade

Vivi ao teu lado
à tua frente
dentro de ti
e re-aprendi
que sabia amar
e sofrer
e cantar
e crescer
Vislumbrei com olhos infantis
tenros e sonhadores
novas formas e cores
sabores secretos
caminhos tortos ou retos
discretos desvios
(que o olhar endurecido, fixo, ignora)
por onde podemos caminhar
de mãos dadas, nus, plantando bananeira
ou qualquer outra besteira

Vivi longe de ti
e enfastiei-me de beleza!
Sim, quanta beleza pode caber num único dia
grandiosa, brilhante e disfarçada de mero ocaso
e numa noite, sozinho, deitado
aprendi que sinto tua falta
pois é tanta - ah, meu deus, tanta! - a beleza
que preciso compartilha-la

Colhi sempre o que semeei
e de meu cultivo dependiam
a qualidade e a abundância
Assim aprendi que não tenho porque
nem de que reclamar

Vivi longos anos
e veja quanto aprendi
Foram poucos, é bem verdade
mas quanta alegria sinto em ter ainda muito a aprender

Vivo em alto mar
entre náufragos e peixes
O vento sopra salgado
a maré dança impiedosa
o oceano é imenso, inexplorado, imprevisível
e abriga em ilhas ou profundezas
tesouro inconcebível
canção de sereia
monstro submarino
piratas sem lei

Vejo barcos à deriva
e eu, lobo do mar
por sede de aventura
por amor ao horizonte
aprendo a navegar

terça-feira, 18 de novembro de 2008

e como ja dizia chico buarque, pleno de paixão

Me agrada a idéia de uma nêga tereza, mas Flamengo de cú é rola.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

um dia de fúria

Presidente Lula, o preço da camisinha está alto. É por isso que filhos da puta como vossa excelência nascem.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

a vida na fazenda

Ah, é hora de sair pra praticar
Alvo localizado, trate o gado como gado
Mostrar quem se é, ou se for o caso, não
Importante é impor respeito
Seja como for, faça rir, faça chorar
Aperte todos os botôes
O gado precisa do senhor
Ele precisa do senhor, Chico
Ele precisa, Enrico
Dê comida, diversão, conforto
E ele será todinho seu
E poderá ter sua boiada
Ordenhar uma vaca diferente a cada dia
Todo dia uma vaquinha diferente
E amar a todas igualmente
Gozando da sensação de plenitude
Não te ilude. Da sensação.
Mesmo assim não existe igual
É como jogar xadrez.
Contra gado.


E como dizia o açougueiro Fortunato, após acharem gelo em marte, "Gelo é água, se tem água e terra dá pra plantar capim e, consequentemente, dá pra criar gado."

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Cheguei.

Cheguei e vou me sentando.

Me oferece um cigarro?
Acende?
Obrigada.

Meu nome?

Stephane Loureiro.
21 anos, universitária.

Prazer.

Me faz uma gentileza?

Dá pra parar de olhar pros meus peitos?
Eu estou falando com você!
É, VOCÊ MESMO.

Valeu...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

o amor do céu e o mar

quero estar com você
pro mar aproveitar
e ao estar com você
aproveito te amar

até o mar aproveita
nossos passos na areia
passa um olhar pro céu
e o céu se incendeia

com o sol a se por
numa imagem perfeita
uma história de amor
fica escrita na areia

Eu queria te ver
Refletir céu e mar
E mar queria ver
Refletido em nós dois

O amor deles dois
Só poder se amar
Só poder se gostar
Sem poder se tocar

sábado, 8 de novembro de 2008

aula de gramática

Três exemplos práticos de redundância:

-Policial corrupto
-Político corrupto
-Pastor corrupto

a balada da bala

Eu sigo meu caminho
E não posso parar
Nem há nada que me impeça
De atingir meu alvo e perfurar

Portanto, não me peça
Nem peça por salvação
Não importa o que aconteça
Eu chego antes do herói

Eu sou letal, letal
E não é nada pessoal
Mas meu é papel é te levar
Ao julgamento final

Eu sou a bala abençoada
Disparada por Jesus
Eu sou a mesma desgraçada
Que matou Lampião

Ao ouvir meu zunido
Não há tempo pra mais nada
Já esteja arrependido
E pronto pra se despedir

Eu sou letal, a tal
Acima do bem e do mal
Eu não gosto nem desgosto
Apenas cumpro o meu destino

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Como ter um insight em três passos simples

Depois de passar dois dias sem fumar, de ter arrancado um dente e de dar um cagão homérico, sinto-me pelo menos seis anos mais leve.

É hora de procurar um pouco mais de diversão fútil e descompromissada.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Frederico, por que você não vai tomar no cu?

Nietzsche dividiu águas e direcionou tendências na forma ocidental de pensar, indiscultivelmente.
Vou dar aqui dois motivos pelos quais eu não tenho a mínima inveja dele.
Em primeiro, não que não seja ruim por si só, ele nasceu em 1844, um século mais ou menos antes do surgimento do Rock N´ Roll. Eu não viveria sem o Rock.
O segundo motivo, e mais forte, é que fica claro na obra do saudoso Friedrich a incapacidade em obter sucesso em sua vida amorosa. Nietzsche viveu frustrado, sem mulheres, e isso o levou a agredir o sexo feminino em seus textos de forma as vezes totalmente preconceitusa e ignorante, totalmente retrógrada, como me parece ser típico de sua decendência Viking.
Falar mal das mulheres foi a forma de vingar-se daquelas que lhe negaram sexo, afeto e auto-estima.
Ao contrário da obra de Nietzsche, de minha parte, escrevo nesse blog somente para mulheres. Nada contra os leitores do sexo masculino, só não posso chamá-los de público alvo. Faço questão da beleza que a feminilidade carrega consigo em tudo ao meu redor.
É bem provável que ninguém nunca compre um livro meu, se por algum milagre alguém aceitar publica-los, mas tenho convicção da importância das mulheres em minha vida e não as trocaria por nada, nem por um lugar entre os imortais.

Hay que endurecer pero sin perder la ternura

Que seja eterno enquanto dure
Que seja terno enquanto dure
Que eu seja eterno enquanto duro
E, como diria o Che
Que seja terno enquanto duro

sábado, 1 de novembro de 2008

Sem Copyright, só Copyleft

Tudo que é aqui escrito é de domínio público e de quem ler.

"eu penso que é possivel, sim... recriar o humano
atribuir ao humano outros sentidos
é evidente que para isto é preciso destruir o conceito
não no outro mas em si mesmo!
nada melhor que contradizer e entrar em contradição
para ser um misantropo ou inumano
até que nova ética se instale após a destruição
e definitivamente surja outro humano
e daí nova moral que provcará nova destruição e criação
num eterno movimento de retorno
não igual mas distinto
metamorfose ambulante
ironia perpetua (isso mesmo!)
a verdadeira metafora, a mais nítida"

rainha branca na casa branca

É comum encontrar por aí alguém rindo por não saber fazer alguma coisa bem, jogar xadrez por exemplo.
Meu amigo Thiago se diz conhecedor de xadrez por ter tomado toda e qualquer espécie de xeque-mate. Além de ser um piadista reconhecidamente infame, ele não tem a mínima noção de quantas formas um jogador pode finalizar outro numa partida de xadrez. É um número, inclusive, provavelmente muito maior que o de partidas jogadas por ele.
Longe de querer escrever um post sobre uma pessoa tão idiota, eu não consigo discernir se thiago brinca com essa inaptidão por vergonha ou, pelo contrário, por ser uma questão bem resolvida e/ou quase/nada incômoda. Na verdade, eu acho que de fato não seja e nem deveria ser uma grande frustração pra ninguém não dominar algo tão complexo como este jogo nobre. Acho também que é o caso dele, Thiago. Que ele brinca sobre o assunto porque é de sua natureza.
De uma forma ou de outra, eu encontrei um paradoxo na seguinte questão.
A piada do Thiago soa com a leveza de se brincar sobre não jogar xadrez. Se a piada ressaltasse uma qualidade dele, ou uma perícia, a mensagem seria recebida com um tom de soberba. Por que?
Por que não é "ético"?
Por São Jorge, quem inventou essa merda?
Exaltai a própria virtude, meus amigos, tanto quanto as próprias limitações, no mínimo.
Exaltai a Deus sobre todas as coisas, mas nunca deixa de exaltar a ti, transa com teu ego e deixa que de ti ele se alimente. Você precisa se amar.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Tirinhas de Humor

qua qua qua

Olhe em volta e me diga o que vê

"Good friends and conversation
The rise and fall of nations
A moment's glory and they've had their day

And on my high school folder
I drew a big gorilla
something familiar, something far, far away

Somewhere between the darkness and light
she touches my hand
she don't seem to mind
We can go home, we can be civilized"
David Byrne - Grown Backwards - Civilization

A humanidade perdeu-se de vista. Mais que isso, perdeu de vista a vida. Nossa percepção de todas as coisas foi duramente corrompida pois colocamos entre nós uma ilusão que tornou-se maior que todo o resto. Uma ilusão que começa a se instaurar em nós assim que nascemos e que atordoa, bombardeia e eventualmete toma toda a nossa consciência. Ela está por todos os lados. Ela é tudo que acreditamos ser verdade. Ela é aquilo pelo que morreríamos, aquilo que achamos que somos. Essa ilusão tem nome, meus amigos: chama-se civilização.

Nossa triste história é a história de uma exaltação cada vez maior da civilização. Quando ela finalmente conquistou o posto de protagonista da evolução humana não havia ninguém para apontar-lhe o dedo; estavamos todos civilizados. Alguns tentaram, mas que se pode fazer contra o maior ídolo de todos?

A civilização não precisa de grandes homens e mulheres. Precisa de cidadãos. Ao trocarmos nossa evolução pela dela, desistimos de uma evolução de valores e de consciência em nome de uma stasis. A evolução, agora, é de produção e estabilidade. Aponta para a utopia estática, um inumano estilo de vida em que o indivíduo se apaga para que a civilização se exalte e funcione.

Gosto das pessoas. Tenho fé em sua vontade de existir. Mas sempre ouço-as dizendo: "o ser humano é naturalmente mau" e "todos são egoístas, ninguém é confiável". Isso por que tomam a ilusão da civilização por verdade. Acreditam que nosso mau é maior que nós mesmos. A desconfiança é essencial para o grande embuste que pregamos em nós mesmos. Confiamos na civilização, ergue-mo-na acima de nós como o Bem, e como não somos capazes de nos anularmos e sermos civilizados, não confiamos uns nos outros. E assim, sozinhos e assustados, assistimos ao espetáculo. Como bons cidadãos.

Não, não posso crer em nada disso. Na língua em que sonho, não existe a palavra "civilização".

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Flertando com a realidade

Deus criou o vento para levantar saias, assim como criou flores para pedirmos desculpas as mulheres.

conclusao: o país é culpado

tiago says:
aconteceu alguma novidade ai em alagoinhas? um assassinato, roubo.. qualquer coisa interessante

sábado, 25 de outubro de 2008

Quem és tu?

Sei lá,
talvez eu seja
talvez seja outra coisa
nâo humano
por isso que eu vivo esse mundinho
meu
é legal ter um mundo particular
mas, inevitavelmente, é como eu falei
um mundinho

Para que conste em ata!

Encontra-se o amigo naquele que exalta a vossa virtude. Exaltai vós a virtude de vosso amigo!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Já é tarde

por Corsário Satã e Chiconaldo:

Estou caída, vejo pelo chão algumas sombras
não consigo levantar os olhos nem a cabeça
estou contida, mas não em qualquer jaula
estou perdida dentro de mim
depois de dias quentes e sentimentos esbanjados
eu fui lacrada
em minha própria preocupação

Um peso e a lembrança, não de bons tempos necessariamente
e sim das épocas as quais a lágrima não era contida
o riso era mostrado e o sentimento por extremos vigorava
uma mistura de impulso com irresponsabilidade
que sempre me jogava em transe descontrolada
um covil escuro ou um campo verdejante...
Tanto fez!

Lembro-me das fantasias e de uma coragem inerente à vida
desmanchando-se em correntes alternadas de êxtase
lembro do calor dos dias, que não sinto mais

Estou inerte, com o sangue incandescente
paralizada
preciso partir
já é hora mas o braço não se mexe
a pressão não alivia
a cabeça não cala!

Há um negro perfume em minhas veias
pesado e viscoso
o coração, já escuro, sente a cada pulsação
ânsia da emoção e do instinto
o minotauro e seu machado
fome e revolta
dúvida, é do que falo
e o que eu sinto

Escuto os sussurros
estão com medo, posso ouvir claramente

Uma vontade desesperadora me acomete
vou rir e chorar por nossa patética situação
nos tocando entre barras e falando entre linhas
amarras nos pés e vendas nos olhos
nos sentamos para jantar
pedindo sem palavras
não seja um troglodita
não coma com as mãos!

Naqueles Dias

aquela mulher tinha odio em cada traço de si
o sentimento de vingança
que inflamado corria em suas veias misturado ao sangue
vertia direto do lugar mais profundo do seu coração
a partir daquele dia
nenhum traço de humanidade carregaria
a seus opositores
só restava a genuflexão

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Amor Virtual

A olhar teus olhos aqui estou
E toda a tez da sua pele
Estampada numa fronte de fina especie
Impressionado estou
Pena que o espaço é senhor de si
E dele nada se pode exigir
Se eu pudesse exigia você aqui
Mas assim são as distãncias
Mínimas se daqui tu me encantas
Sórdidas se contigo não estou
Mas haja visto tamanha beleza
Distancia for qual seja
Se tu me chamas, eu vou

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

PARA SEMPRE

Todo dia é sempre, enfim, sempre e nunca
toda luta é difusa, incoerente
de sempre em nunca chegar, por nunca começar
nunca sempre, consente, inevitável!

Todo rubro é pouco, outro e tolo
toda idéia, incandescente
de sempre em sempre num olhar
e se nunca falar, atente
dou-te o urro da vitória
e o cigarro do arrependimento!

Todo o lamento é irrelevante
entes e lágrimas
correntes alternadas e fluxos contínuos
escolhemos nossas práticas
de sempre em nunca, reavaliamos
mantenha-se, o que vem é pra melhor!

Todo dia é nunca, deveras consciente
na terra de grilhões e sangue
sempre é pouco
muito é menos
e a profundidade da ferida irá mostrar-se
deverias reavaliar!

Todo dia, mais um dia, calmo e quente
em dentadas vorazes, esquivas
e sorriso incoerente
outro dia, nunca e sempre
que postei-me a delirar...

- Chiconaldo -

o insensivel abraço da solidao

São quatro e meia da manhã
Nunca senti tanta solidão
Nem num disco do Lobão
Nem no amor de Platão

Por aqui ainda ecoam
Os versos daquela canção
Gritos desesperados
Por alguma salvação

Aqueles versos ainda ecoam
Como água a gotejar sobre água
Como num coro, como num ímpeto
Como numa declaração

Que não importa amar ou não
Tampouco importa bem ou mal
Espirito do Natal ou do Carnaval
Pois no final, só resta solidão

terça-feira, 21 de outubro de 2008

eu queria ser uma poesia, pra embelezar a vida

Quero escrever sobre algo bem abstrato
Mais que as formas de pensar.
Mais efêmero que as certezas,
Os momentos e as estrelas .

Quero ser mais abrangente que o mar,
Tocar sentimentos ao recitar
Tudo que existe num só verso.
Tudo que existe no universo.

Abrirei mão desse corpo,
Desses mínimos sentidos.
Serei só essas palavras
Rumo a rumos desconhecidos.

sábado, 18 de outubro de 2008

Acordo de um sonho besta

estou cansado de mim
cansado de medir palavras
e de palavras por outros medidas
para que ninguém se ofenda

não estou à vontade
sinto-me intruso, mesmo quando sozinho
como se não pertencesse a lugar nenhum

estou cansado das coisas que faço
e das que farei
o absurdo de tudo me assalta
imobiliza
por excesso de zelo
inverti a ordem das ações
quis conhecer a vida antes de vivê-la
mas só ela ensina a viver

sinto-me velho, cansado e obtuso

como se saboreia um cigarro
saboreio a única certeza que me resta
- nada faz sentido! -
que é mãe de todas as outras
e flagelo de toda a dúvida
mas como um cigarro ela se queima
e o último trago é amargo

fumaça!
vaga
disforme
logo se dissipa no ar
sem no entanto turvá-lo
e enquanto a exalo de minha boca
vejo que somos o mesmo
eu, ela, esses versos
sempre sem forma
dispersando-nos inacabados
como uma obra abstrata
que o artista olhou e não soube que dela fazer
pois não se lhe significava nada

ah, se fosse possível
apenas dançar!
com o corpo e com os olhos
bem abertos
despertos
e talvez seja, por que não?
se os olhos são juízes
é porque não dançam
e é preciso ter uma certeza inabalável para dançar

nada faz sentido!
essa impressão me carrega
e acelera meu coração como um tambor enlouquecido
e prende meus dedos à caneta
embora minha mão trema
e me falte força
pois, se nada faz sentido
e varridos foram todos os bens e maus que já povoaram
as impressões de todo o universo
o que resta é o infinito
que contém em si todos os sentidos
mas não pode ser contido em nenhum

estou cansado de mim
porque sou o mundo inteiro
de certezas finitas e frouxas
e assim, em minha dúvida, me esgoto

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Fazendo uma média com a morte

Morte, meu descanso abençoado
Sei que em dias desvairados, já pedi sua chegada
Mas esses dias passaram
E hoje peço por favor, que tu chegues atrasada

E, se não for pedir demais
Já que dói tanto a vida em mim
Ao menos não me seja dolorosa
Pra que não doa até o fim
A máscara da loucura, em minha face, recitada
adornada por pedras preciosas
e poderes ocultos, no olho, cintilam como uma jóia
de poder atroz
na faca das súplicas, lacunas, no gume da vida
e em meu dorso, escorado, o peso da dúvida
quando idéias, únicas, se apresentam
melhor representar!

No teatro dos dias, acordado, pra arrear o meu jardim
me escapar das armadilhas
lúbricas, definhadas, por mim
no encontro das tempestades e raios
transpassados pela vértebra
até o cérebro
então percebo que o caminho esburacado
pode ser seguido, mas será, enfim
uma construção dolorosa
de percepções honrosas
e assim dizendo
entendo
primeiro as rédeas, pra então seguir os passos
por fora dessa ordem, de percalços, que nos vamos sem viver!

A face da minha loucura, pelos dias, desenhada
como se nada fizesse sentido
parei pra ver, parei para pensar
por cada momento pelo qual sangrei
parei pra ser, por definitivo
não irei mudar meu rumo
agora é tarde, foi-se o tempo de lamentos
é tarde pra voltar
no horizonte, ganharei meu tentos
e o que me espera é a grandeza de um olhar
vermelho e hipnotizante!

- Chiconaldo -

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

vento, ventania, vale ate ventilador

Vento
força da natureza
ar em movimento
vento
Esvoaçai cabelos
Transforma-te em energia
vento
que tanto move
por onde caminha
vento
me leva pro céu
num lindo balão
vento
me leva, me eleva
e levanta saias pelo caminho

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

domingo, desligando

Acho que a Mcdonalds devia vender o mcfish associado a imagem de Jesus Cristo. Jesus comia peixe e nunca cobrou direitos de imagem a ninguem por nada.
Acho que os padres deveriam se casar para que a igreja pudesse enfim condenar com alguma moral a pedofilia. Isso é só um exemplo. Seria bem mais fácil erradicar os pecados se eles não costumassem ser tratados como regra.
Acho que uma esposa insatisfeita é o pior problema que um homem pode ter.
Acho que o mundo tem jeito, mas não se pode fazer uma omelete sem quebrar ovos e com isso cairão alguns povos (minhas rimas estão cada vez piores, eu sei).
Acho que os anos oitenta passaram (acho) e, tristemente, Cronicas, dos Engenheiros do Havai, e Homem Primata, dos Titãs, ainda são temas atualíssimos. Raul Seixas, nem se fala.
Acho que a devia ter faculdade pra político, pra eles aprenderem lá o que é política.
Acho uma palhaçada muito grande a PF ter roubado grana apreendida do roubo do BC. Acho mesmo.

Acho que as respostas finalmente estão chegando, amigos, não parece que elas estão?

domingo, 12 de outubro de 2008

PENSANDO UM POUCO

É fim do dia, e aos sussurros; eu me rendo!!
No ensaio de grandes viagens, aos pedaços me mantenho
muito embora não tenha conseguido entender
menos ainda explicar...

Grande aquele que consegue;
Aquele que íntimamente perscreve os segredos e o mistério da mente,
equilibrando os desejos numa perfeita sintonia com a realidade...

simplismente sábio, vivo!
Categoricamente esquivo
profeticamente insano!

Profano na visão da maioria das pessoas...
Já comentando a tão sagrada igreja!

É ao fim do dia que me vejo
e vejo todas as mesmices
uma espécie de tortura inerente a vida
onde o vício predomina motivado pela propaganda
a ganância pelo status, e consequentemente pelo poder!!

Não posso concordar com a multidão alienada;
É fim do dia e nada se fez!

E nada se faz
enquanto continuarmos numa falsidade ideológica
onde bancamos quem queriam que fôssemos
num perturbado jogo de escambos, imagem e manipulação..

Não faço parte e não busco mais essa vitória
que no mínimo ilusória, transgride o ser
e joga a vida em um desgaste crônico
alimentado pela inveja
num mundo vazio...

É fim do dia e começo a escrever a minha história
agora estruturada num complexo sistema de abstrações

É fim do dia
e encontrei a verdadeira paz
meditei em sinfonia com a insconsciência
naturalmente me entreguei...

- Francisco Reis –

sábado, 11 de outubro de 2008

Viver e não ter a vergonha de ser feliz...

Essa vida é uma doideira
E eu já to siricutico
Do cu da aranha sai a teia
Olha a marra do bicho
Fazendo Bungee Jump
Pendurado pelo cu

Essa vida é uma doideira
Tudo tem explicação
O mix das substâncias
Se transforma em solução
"É igual Emecêdois"
E o que sobe volta ao chão

Essa vida é uma doideira
E o chão tá cheio de farfalha
Não existe paz sem guerra
E guerra tá errada
Só haverá paz na terra
Quando não houver mais nada

Essa vida é uma doideira
A natureza tá antiquada
A selva agora é digital
Se impôs globalizada
Irmão bloqueando irmão
Numa sangria desatada

Essa vida é uma doideira
Todo dia tá mudando
Tanto rumo, tanta volta
É tanta coisa nessa vida
Que um dia a gente morre
E não viu a coisa toda

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Er... Bem...

Aqui não é o Malvados, mas estamos vendendo camisetas com os dizeres "menos gente por um mundo mais decente".
Frete de graça.

seja razão, seja coração

Quero ser forte sem saber onde vou chegar
Se terei serenidade ou se será sabedoria
Vou alimentar os pássaros sem prendê-los
Mas pararei de fazê-lo se não cantarem
Vou praticar filantropia em varios sentidos
E espero não ter que recorrer a hipocrisia
Vou subornar a lei de causa e consequêcia
E esperar que ela venha me subornar
Serei a antítese do fundamento
Usarei de artifícios, abrindo mão de benefícios
Justificarei fins com meios, apoiado em meus medos
Farei o que quiser pois nada devo
O que é meu ninguém escreveu nem leu
O que fiz ninguém viveu, nem de perto
Não quero ser no fim quem se fudeu
E quem achar ruim que vá a puta que pariu

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

McDonalds e McCartney

A rede de comida-lixo McDonalds decidiu que conseguiria vender muito mais hamburgueres usando a imagem dos Beatles nas lojas de Liverpool. Má idéia. Como se não fosse uma falta de respeito com os falecidos vegetarianos John Lennon e George Harrison, eles nem esperaram o também vegetariano e ativista Paul McCartney bater as botas. Desnecessário dizer que Paul não ficou nada contente. Em resposta, o artista pediu a todos os fãs dos Beatles que boicotem o McDonalds não apenas em Liverpool, mas no mundo inteiro.

Diz pra eles, Paul!

Reforma Educacional

"O homem nasce, cresce, reproduz-se e morre."

Isso está errado?

Aprendi na alfabetização, será que fui mal alfabetizado? Percebam que essa frase não inclui o termo "trabalha".

Oras, o homem caminha no sentido oposto ao meu aprendizado mais básico. Há muito mais gente querendo empregar-se do que reproduzir.

Não penso no trabalho como um estupro, mas acho muito menos inerente ao ser humano do que a reprodução.

Se hoje existem tantos métodos contraceptivos e tão poucas oportunidades empregatícias, fico com medo do trabalho diminuir o espaço de outras etapas da existência. Temo que as crianças resolvam parar de crescer para trabalhar mais, ou que o façam com menor intensidade. Talvez o trabalho nos tire até mesmo o tempo pras certezas inevitáveis, como a vida e a morte.

Sapientíssimo, oh sapiens, não quero nem ver. Uma sociedade de anões feitos em chocadeiras, já nascidos operários e sem tempo pra morrer de tão abarrotados de trabalho.

Bom, isso deve ser uma grande asneira. Devem ter me ensinado tudo errado na alfabetização.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Da guerra e da virtude

"Conheço o ódio e a inveja do vosso coração. Não sois bastante grandes para não conhecer o ódio e a inveja. Sede, pois, grandes o suficiente para não vos envergonhardes disso!"

Não almejo paz de espírito. Minha alma é inquieta e tempestuosa. Tremula ansiosa na calmaria, espreitando o mundo através de olhos ardentes.

Por anos vivi sem saber o que fazer de mim. Deixei meus demônios e anjos trancafiados no porão do ser, alimentando-se de fugazes experiências e adormecidas impressões do corpo de uma criança a quem só a tranquilidade foi apresentada. Evidentemente não foram complacentes. Atiraram-me contra a solidez dessa paz, e eu era ainda muito frágil para quebrá-la. Se meu corpo conheceria apenas o conforto, à minha mente estava reservado o tormento. Assim passei minha infância e adolescência. Papai e mamãe zelavam para que eu não conhecesse a dor e a dificuldade enquanto minha impaciente essência chocava-me contra o muro que me protegia, e assim me estilhaçava os ossos e a vontade. Mas a cada vez, regeneravam-se mais rígidos.

"Dizeis que a boa causa é a que santifica também a guerra? Eu vos digo: a boa guerra é a que santifica todas as causas."

Não almejo paz de espírito. Na verdade, a idéia me causa repulsa. Se queres saber, o mundo há de padecer de paz e não de guerra! O homem precisa ser um campo de batalha para estar vivo. E se é paz que almejas, ó homem, faz da tua paz uma conquista, ou ela definhará teu espírito até que dele não haja resquício além de uma mórbida quasi-existência. Somos nossos anjos e também nossos demônios. Para ser criador, é preciso também ser destruidor. Por isso a paz não pode advir senão da guerra. Por isso rogo-te: sejas um campo de batalha.

"Por que te assustas? O que sucede à arvore sucede ao homem.
Quanto mais se quer erguer para o alto e para a luz, mais vigorosamente enterra as suas raízes para baixo, para o tenebroso e profundo: para o mal.
(...)
Mas por meu amor e minha esperança te aconselho: não expulses para longe de ti o herói que há na tua alma! Santifica a tua mais elevada esperança!"
Friedrich Nietzsche
Assim Falou Zaratustra

as coisas mudam muito rápido

"José Dirceu, você é um incompente. Não consigo imaginar um povo tão mal servido como o nosso, se até o presidente da república fica de cara.
Como pode, José Dirceu, numa cidade como Brasília, apesar de todos os seus contatos e mais os poderes que lhe concedi, tu não me consegues uma única balinha da prensada. Como podes ser tão borrabotas?
Eu quero saber, José Dirceu, amanhã, o que eu vou fumar? O que você me diz disso?
É por isso que este país anda tão fora dos trilhos e atrasado quanto uma maria-fumaça desgovernada.
Tu és um palerma, José Dirceu, de marca maior, onde já se viu? Por isso não te segurei no cargo de ministro. Por isso que hoje tu só fazes avião, como quando éramos militantes, Zé Dirceu.
Fico muito preocupado. Onde vamos parar? Saia logo de minha frente e vá ligar pra Wagner, tenho certeza que na Bahia as coisas andam melhor que aqui. Vamos, saia logo, sua presença é irritante. Estou cogitando extradita-lo no Paraguai, para aprender horticultura. E só me volte aqui quando tiver um quilo, Zé Dirceu, dos camarão. Da Boa. E mande logo o jatinho pegar o governador da boa terra com aquela manga rosa que preciso relaxar."

um poema para a noite escura.

Noite, doce amada
Sou teu escravo, és meu vício
Não te troco por sucesso
Nem dinheiro, nem cartaz
Ah, pois a falta que me faz
Durante todo o longo dia
E dia após dia, a falta que você me faria
Ah, nem toda riqueza e capricho
Deste e outro milhão de mundos
Nem os desejos mais imundos
Nada que isso me traria
Só Deus mesmo pra compensar
A falta que você me faria

Alguém vai uma castanha?

Castanha aumenta a fertilidade. E vem do caju. Cada caju vem de um lugar diferente do cajueiro. Eu sempre prefiro os que estão no lugar mais alto.
O caju mais alto do pé foi aquele que meu coração escolheu. Por que? Porque ele não é um caju qualquer. É o mais alto do pé, estava mais perto de Deus antes de chegar a mim. Foi o mais difícil de alcançar e isso é tempero suficiente pra tornar único o seu sabor.
Esse caju representa a diferença entre ser um homem impotente chupando um caju qualquer ou um homem feliz diando do regozijo de sua alma. O caju escolhido e desejado. É por isso que ele vale cada tentativa, cada queda, cada inseto hostil, enfim, cada obstáculo da jornada.
Se morrer tentando alcançar o meu caju, não faz mal. Eu já comi muita castanha. Não sentirei minha vida desperdiçada por uma fruta, foi através do meu caju que eu vivi.
Saboreie suco, doce, em compota, cortado em rodelas com sal ou mesmo com cachaça. Não deixe que esse caju se perca, viva.

domingo, 5 de outubro de 2008

Uma introdução a introdução

Já perdi a conta de quantos blogs tive. Tive blogs mais lidos que outros, é verdade. Um de meus blogs foi lido por apenas uma pessoa e durou poucos dias. Mas o fato é que nunca deixei de estar blogando ou de ter um.
Sou um blogueiro por vocação, gosto de fazê-lo, não posso deixar de blogar, como o pintor não pode deixar de fazer quadros. Comecei com coisas bem toscas, como muitos artistas, mas percebi alguma qualdade em algumas coisas e também que havia me aperfeiçoado um pouco com o tempo.
Acho, como outros artistas em relação a si, boa parte de minha obra bem fraca, também não deve ser a toa eu nunca ter feito muito sucesso no mainstream blogueiro. Mas acredito que um dia ainda possa estar fazendo algo realmente bom, com fé em Deus, se é que já não estou, graças a Deus.
O bom dessa jornada é que tive parceiros como o Corsário Satã, o Rafael Madeira e o Fernando Maia Jr, além de admiradores que de pouco em pouco se tornaram quase muitos.
Obrigado mais uma vez, Senhor.

Eleições

Ao menos as que acompanhei em vida e consciência foram todas um grande circo, e em momento algum vi alguém falando sério. Querem nos convencer a votar em alguém através de jingles grudentos e cartazes bonitinhos, poluição visual e sonora.

Toda a conscientização política de uma democracia indireta (ou representativa) é direcionada ao voto. O direito do voto, o DEVER do voto. Em momento algum fala-se em poder popular.

Por poder popular não quero dizer um regime de governo popular. Falo simplesmente do poder da opinião pública para orientar e governar seu próprio governo. Ficar dependendo dessa pretensa política de espetáculo só nos atordoa e nos fascina ainda mais.

Vote no PSDB. Vote no PT. Vote no PV. Vote nulo. Tanto faz. Conscientização política não tem nada a ver com saber em quem votar. Somos grandinhos e não precisamos pedir para nossos pais limparem nossas bundas quando acabamos de cagar, nem para nossos supostos governantes limparem a merda que estamos ajudando a fazer dia após dia.

sábado, 4 de outubro de 2008

Ser ou não ser

Sê-lo ou não sê-lo, eis a questão
Por que sê-lo? E por que não sê-lo?
Sê-lo-ei pela magnitude do ser
e não mais sê-lo-ei quando não houver,
ou mesmo não convier, de ser.
Amém.

Sobre nutrição

Troco de bom grado qualquer regime por uma barra de chocolate.
Em nome da felicidade.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Está chegando a hora

O dia já vem raiando, meu bem. Não há mais onde se esconder do sol. É hora de escolher entre evoluir e morrer. Àqueles que optarem pelos velhos caminhos, eu desejo uma boa viagem e até nunca mais!

mais bêbado que filósofo. mais profeta que ator.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Manifesto

À Deus, agradeço pelas coisas boas e não tão boas pra mim.
Aos homens, pelos lados bom e ruim do ser humano.
Aos que fizeram de minha vida céu e inferno sem rotina
Agradeço cada dose de veneno
Cada coisa da vida
Pelas considerações sempre tão gentis
As opiniões que me ajudaram a construir não sei o quê
Por todo tempo que perdi
Cada verdade que escutei
E toda mentira que repeti
Por cada mínimo gesto
Tudo que me disseram não ser de direito
Agradeço satisfeito
Por cada protesto
Pela ofensa mais sincera
Enfim, minha gratidão por tudo que vivi

mais do meu blablabla sentimental

Você que nunca gostou de mim
Agora me responde
Se está melhor sem ele

Você que me usou mesmo assim
Sabendo que eu era imperfeito
E eu que nao tinha nada a ver, perdi

Parecia uma pessoa amiga
Mas inventou uma briga
Agora entendo todo o contexto
Eu era só um pretexto

Por isso não me fale de clareza
Só se tem uma certeza
E não é sentimento de ninguém

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Dois piratas sobre o caixão hohohohoho e uma garrafa de rum...

Viver uma vida errante, leviana, descompromissada e irresponsável é muito mais que ser um vagabundo. É ser um pirata.
E o que define a sobrevivência de um pirata nesse mundo cada vez mais hostil? Ser um pirata de verdade é bem mais que gravar cds.
Não é o número de contratos que ele consegue fazer, é a quantidade de contratos dos quais ele consegue sair ileso.
Ser um pirata é viver de improviso, aproveitar as oportunidades e pegar tudo que puder pra si. É claro que a parte de pegar pra si vai fazer com que alguns homens queiram te matar e a parte de aproveitar oportunidades vai atrair instintos assassinos das mulheres, portanto seja cauteloso, a vida é um contrato do qual não se sai ileso.
No mais, trate de arrumar uma barca veloz.

O amor

"O amor mais uma vez fatiou minh'alma. Se fosse um corpo, seus pedaços estariam caindo ao chão nesse momento."
Por que ainda amo então? Por que, se as pessoas sempre se machucam no amor? E por que é quase inevitável que seja assim? Quer uma resposta bem lógica?
Amamos apenas a nós mesmos. Damos e dedicamos a medida que achamos valioso o investimento. O verdadeiro amor que se sente é pela sensação que obtemos através de nossos parceiros. Não faz diferença quem é a pessoa amada, você é capaz de amar da mesma forma outra pessoa ou uma batata, desde que ela seja capaz de saciar o que você deseja. Conheço homens que nunca traem a Coca-cola. Sacou? Homens que nunca traem.
Acontece que o ser humano pode mudar da água pro vinho e de repente não necessitar mais daquele parceiro ou necessitar de elementos que ele não possui. Então, meus amigos, adeus. É o que todo ser vivo procura. A melhoria das suas condições de vida. O amor não é um contrato, é mais um estado, esteja sempre pronto pra mudanças bruscas de situação, marujo(a).
Agora, falando em relação custo benefício, vou continuar dependente desse hábito universal que é amar. Não por masoquismo, mas porque é gostoso. Que nem cannabis, só que bem mais. Vou me apaixonar, se possível todos os dias. E, se morrer de paixão, melhor que bala perdida, câncer de pele e outras coisas.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Aprender a morrer é aprender a viver

Estou desorientado. Sentimento de mundo refazendo-se em forma de segunda-feira. O fim de semana me lembrou de que, como diz Flaviola, as coisas nunca são tão reais quanto parecem ser. Mas parecem, até demais, e hoje acordei com o peso da realidade me esmagando. Quem são essas pessoas que vejo da minha janela, correndo atrás do tempo perdido? Que delírios preenchem sua imaginação enquanto vagam pela cidade? O que as motiva? A quem amam, e como amam?

Acima de tudo, me pergunto: O que lhes é real?

Somos poeira cósmica. Brilhamos como fagulhas de vida por nada mais que um breve instante, e logo apagamos. E esse instante é tudo o que temos. É a vida inteira. Somos o presente, e o futuro não nos reserva nada além da morte.

Morte é morte do ego; a existência continua. Não sei nada sobre reencarnação ou evolução espiritual. Vejo a morte como abandono de todas as ilusões de "eu" e retorno à eternidade. Mas não sabemos morrer. Esse é nosso maior erro, nosso grande fracasso. Confundimos o "eu" com existência e morte com vazio...

Agora, quanto ao meu padrão genético, vejam bem.

Não tenho pai nem mãe, explico. Sou filho adotivo. Tenho um pai biológico e outro pai de criação assim como duas mães, uma que me pariu e outra que exerceu o papel. Como posso ter dois de cada e não ter nenhum? Matémática. Pai é diferente de pai biológico e tb é diferente de pai de criação assim como Toddynho é diferente de Toddynho napolitano. O pai que me fez concebeu apenas minha carne, enquanto o que concebeu tudo mais que me importa não me fez.
Não estou me queixando da adoção (aliás, deus abençoe esta palavra), é uma questão muito bem resolvida em minha vida. Quero me ater a meus pais carnais, pra explicar a origem do que vocês conhecem/desconhecem.
Sou o resultado da transa de uma hippie com um caminhoneiro, duas categorias que viajam pelo mundo transando todo mundo. Sou fruto do woodstock e do hedonismo. Sou um herói pros meus amigos e levo uma vida cheia de reviravoltas, sempre buscando ser feliz.

Muito prazer,
Chico Buarque.

Essa é bem sacana...

Um dos maiores prazeres da minha vida é assistir o futebol com meu pai, e olhe que é uma vida de muitos prazeres desde a genética, mas tratarei disso no devaneio seguinte.
O fato é que quando meu pai não mais estiver entre os vivos, o futebol deixará de ter a mágica de seus comentários a respeito do jogo e tiradas de humor negro. Serão apenas 22 homens/mulheres de baixa escolaridade correndo atrás de uma bola Nike. Não assistirei.

sábado, 27 de setembro de 2008

A brisa

Amor de minha vida,
minha brisa querida
por minhas costas soprar

ser bom como ti queria
para a ti trazer alegria
toda vez que tu me encontrar

Ser eu um dia, amor
nas tardes ao sol se por
a brisa a te alegrar

Bateu um dia desses...

Petróleo, o ouro negro. Matéria peculiar. Vem do "underground" do mundo, sim, ele só é encontrado em locais onde não consigo imaginar que formas de vida poderiam estar, se é que alguma poderia. Ora, não é a toa que ele não verte de nossas veias, assim como não faria sentido algum o sangue correr abaixo do solo.
Imaginem como será quando o sentido desse petróleo estar abaixo do solo não fizer mais sentido algum, quando ele tiver sido completamente extraído. Ironicamente, quando vamos realmente entender esse sentido.
Entenda que isso não é como a importância da maioria das pessoas em nossas vidas, generalizando. É como milhoes de litros de uma substância condutora de energia formando uma camada no subsolo que, ao meu ver, muito provavelmente vai exercer uma verdadeira, grande e completamente perceptível diferença quando passar a não existir nesse mesmo subsolo. Como vão preencher a lacuna criada? O que vão colocar no lugar? Soja?
Ah, mas vá se fuder.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Antes de falar, pergunte a si mesmo:

Afinal de contas, quem você está querendo enganar?

Entorpecidos de boas maneiras

"Fique à vontade
Tchau, goodbye
Ainda é cedo
Alô, como vai?

Com Marcelino vou estudar
boas maneiras para me comportar

Primeira lição: Deixar de ser pobre, que é muito feio
Andar alinhado e não frequentar assim qualquer meio
Vou falar baixinho, serenamente
sofisticadamente
Para poder, com gente decente, então conviver"

Tom Zé - Parque Industrial ou Satyricon (1968)

Nossa lógica egóica e individualista nos torna seres orgulhosos. Como nos sentimos muito importantes, ficamos ofendidos facilmente. Não satisfeitos com essa singela demonstração de burrice, fomos ainda mais longe. Inventamos, lapidamos e aperfeiçoamos, desde os primórdios da civilização até os dias de hoje, um mediador para assegurar que nossas relações sejam dóceis e sem complicações.

A educação (os bons modos, não a erudição) é mais uma bandeira dos bons e dos justos. Uma população educada não briga, fura fila ou joga lixo nas ruas. A educação é também uma excelente forma de controle e censura. Uma população educada não fala palavrão em público e respeita as instituições. Depende de regras de etiqueta até para comer.

Nada, eu lhes digo, nada que eu tenha observado entorpece tão morbidamente a nossa comunicação quanto uma boa e rígida educação. Deixamos de dizer as coisas que realmente queremos que sejam ditas, trocamos deliberadamente nosso bom senso por um caderninho de instruções de conduta. Isso mesmo, o bom senso foi descartado, não é mais necessário para a vida em sociedade, exige demais de um cidadão. A verdade tampouco importa, se proferi-la o fizer sair muito da linha. Esses traços arcaicos de nossa humanidade não são mais que uma saudosa lembrança de uma existência autêntica. Não, preferimos a educação. Ou seja, preferimos mentir aos outros, e esperar que eles nos mintam. Tudo em nome do bem estar. Em nome do Bem. Em nome da imbecilidade. Sim, pois qualquer imbecil pode ser educado. Já ser humano...

Fórmula Batida

mente
dormente
frequentemente
mente
e mente
ter mente
temente
demente
dormente
certamente, senhor

domingo, 21 de setembro de 2008

Falta Criatividade

A evolução científica trabalha com verdades a curto, médio e longo prazo. Cada teoria que se estabelece derruba um outrora irredutível e inderubável conceito. O ser humano supera sua ignorância com relativa facilidade desde o primórdio dos tempos, não por capacidade de superação, mas excesso de ignorância.
Sim, o conhecimento humano cresce cada dia mais ramificado, mas e a consciência? Ela evoluiu? Será o Homo Sapiens tão sapiens assim?
É isso mesmo, nós temos as corridas armamentistas, espaciais, genéticas, tecnológicas, dos trajes de natação e toda uma parafernalha sintética em nossas vidas, mas em que a civilização atual é superior as que lhe deram origem ou cujo próprio ciclo interrompeu-se pra dar lugar as que hoje existem?
Vivemos em meio ao caos, não importa que alguém não veja dessa forma, vai estar caótico do mesmo jeito. Somos prisioneiros de um jogo diabólico, estatísticas históricas, como os escravos do antigo egito, as legiões de Hitler ou os judeus assassinados. Não fazemos as leis sob as quais vivemos e nem sabemos a quem elas representam. O homem é a única espécie animal que precisou criar uma polícia pra policiar a si própria.
Sorte nossa sermos a raça suprema num momento de condições climáticas e fontes de recursos tão favoráveis. Os dinossauros não foram tão afortunados. Infelizmente isto não é suficiente pra livrar a nossa raça do risco de extinção. São tempos canibais onde irmãos se degladiam num modelo de produção predatório e toda forma de vida sai lesada.
Espero poder transcender o pouco que se compreende hoje em dia e que outros possam fazê-lo também pra que possamos resolver problemas como o da fome, dessa guerra idiota, da exploração de menores e toda essa degradação da cultura, da arte, do valor humano, do planeta, enfim, da vida.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Quem és tu?

Essa é a charada proposta pela lagarta à Alice, que não consegue responder pois havia sido tanta coisa naquele mesmo dia que já não se sabia mais. Até tenta explicar isso à lagarta, mas ela não entende o que há de tão estranho em ter vários tamanhos no mesmo dia.

- Talvez não sinta as mesmas coisas que os outros - continuou Alice - O que eu sei é que eu, a mim, me sentiria muito esquisita.

- A ti... - bradou a lagarta, sem se conter - e quem és tu?

E com isso voltaram ao princípio da conversa.

Tente pensar em si mesmo e em tudo que o compõe. Seu corpo, seus pensamentos... agora tente tirar, peça por peça, tudo aquilo que pareça, um dia, ter vindo de fora. Os valores e as idéias são os primeiros a cair por terra. Tudo o que você aprendeu, é porque aprendeu um dia. Poderia ter aprendido outras coisas, mas ainda assim seria você.

Seu corpo mudou muito. Você cresceu, todas as suas células se renovaram e se renovam constantemente. O corpo, esse construto perfeitamente funcional, é físico e está sujeito às mesmas leis que governam a matéria e a energia. Mas também está sujeito à sua vontade. Não importa quantas sinapses sejam necessárias para andar até a padaria, é você quem está comandando esse processo. Assim, o corpo pode ser parte de você, pode ser um veículo, mas não é você.

E quanto às suas emoções? Sentimos coisas que não apenas guiam nossas ações como parecem inexplicáveis e vindas do âmago de nosso ser. Mas ao mesmo tempo conseguimos agir sem dar ouvidos à essas emoções, se tivermos auto-controle. Além disso, o que sentimos pode muito bem ser entendido como uma reação do organismo a certos estímulos, desde os mais primitivos até os mais elaborados. Sentimos um medo instintivo ao nos depararmos com algo ameaçador, ou sentimos raiva de alguém que fira nossos princípios. Esse segundo tipo de emoção se relaciona com valores adquiridos no decorrer de nossa vida e não poderia ser quem somos de fato. O primeiro é instinto, mas o que isso quer dizer? Pode não ser nada mais do que memória genética, uma reação adquirida pela espécie que foi selecionada por sua praticidade e que hoje existe em todos nós. Mas, se nossos instintos são uma característica de toda a espécie, não podemos ser instinto.

Parece-me, cada vez mais, que todas essas coisas que entendemos como "eu" não são mais que bagagem, instrumentos inatos ou adquiridos que nos auxiliam através dessa viagem que chamamos de vida. Eu tenho meu veículo sensorial e motor, tenho meus instintos mais primitivos, tenho tudo o que aprendi e todos os valores com os quais me identifiquei e adotei de alguma forma, e não sou nada disso. Mas que sou então?

Não quero propor respostas, caro marujo. Ao menos não ainda. Estou, ao contrário, propondo a você a mesma charada que a lagarta propôs à Alice. Quem és tu? Mas não responda à lagarta! Não responda a mim! Responda a si. Não se preocupe; antes de responder qualquer coisa a si mesmo, você vai precisar se encontrar. Quando o fizer, vai ter ao mesmo tempo a resposta e a quem responder.

Da série Sintomas

"O ESTADO DE EXCEÇÃO É
A REGRA?"

Pichado na parede do mercado ao lado de casa.

Bug

O tempo parece ter parado às 20:53 de ontem...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Mas agora falando sério

Até nota de um real é melhor que colomy

Universidade para todos? ou Todavia leva à Roma

O começo do século XXI é um lugar no tempo muito engraçado de se estar. Época de caos, noções estranhas e idéias confusas. Os valores arcaicos de outrora já não fazem sentido para uma juventude que tem cada vez menos restrições e mais informação. Alguns estão até ousando pensar que talvez não exista certo e errado, bem e mau, bandido e mocinho.

Claro, essa é uma análise controversa. Para a maioria dos cidadãos de bem, do servente de pedreiro ao livre pensador, as coisas continuam cristalinas como água e o caminho para o Bem é evidente. E o que é esse Bem? O Bem é que todos tenham as mesmas oportunidades. O Bem é a igualdade, a fraternidade... ou, numa linguagem mais atual, o Bem é que todos possam um dia ter o mesmo poder de consumo. É possível levantar diversas bandeiras em nome desse Bem, mas quero falar especificamente de uma, que, dada a atual conjuntura do mercado de trabalho, seguramente será defendida por qualquer cidadão esclarecido: Universidade para todos!

O que isso significa? Significa que, em nome do Bem, é preciso que todos, de todas as cores, credos e classes sociais, tenham a oportunidade de cursar o ensino superior e disputar de igual para igual o seu lugar ao sol, quentinho e confortável como um útero. Ser empregado, feliz e Bom. Cada jovem que ingressar na faculdade será uma vitória para o Bem. Cada jovem nas ruas, na lavoura, na favela, um doloroso tapa na cara.

Uma idéia assim só podia mesmo ter nascido de um lugar: Da elite intelectual do país, estudantes, professores e políticos, todos com seu diploma universitário em mãos ou já encaminhado. "Que ABSURDO, que ULTRAJE essa juventude desfavorecida, sem as mesmas condições que nós, os Bons!", eles clamam com fervor, erguem suas bandeiras e vão à luta. Do outro lado, as camadas populares olham com admiração, dizem "Sim, SIM, pobres de nós desamparados! Ó Bons, salvem-nos!" e acreditam. Acreditam que, enquanto estiverem excluídos do ensino superior, não são nada.

Esse é o poder que a elite, por ser elite, tem. O de fazer os outros acreditarem que ou fazem parte dela, ou estão abaixo dela. Quanta audácia a de um ser para julgar-se, mesmo que na mais altruísta das intenções, acima de qualquer outro ser! E quanta irresponsabilidade ao reforçar essa impressão quando vinda de alguém que já se julga menor, inferior!

Todos os caminhos levam a Roma, e a universidade é sem dúvida um deles. Mas enquanto continuar a ser vista como o único ou o melhor, nunca chegaremos perto de equilibrar as oportunidades e direitos entre todos. De salários exorbitantemente maiores a celas especiais exclusivas, tudo isso mantém a elite universitária em seu pedestal imaculável de cidadão de classe superior. Mas nunca vi um Bom lutar contra nenhuma dessas coisas.

Uma breve introdução à Percepção

Ter consciência é perceber. Inventamos dúvidas e certezas, lemos o mundo, tomamos consciência de sua existência porque somos seres que percebem. Auxiliados por nossa razão e nossa linguagem criamos noções a respeito das pequenas e das grandes coisas, inclusive da própria razão e da linguagem. Todas essas noções, coerentes ou paradoxais, se juntam no que é nossa visão do mundo, a percepção que temos do que é e do que não é. De tudo.

Quando somos jovens, tudo é novo. Ainda não temos noções bem estruturadas e nossas opiniões ainda estão tomando forma. O mundo ainda parece um mistério. Envelhecemos e nossa visão se torna opaca. Trocamos o mistério pela certeza de uma realidade concreta, racional e quantificável. A existência parece fazer tanto sentido que dificilmente poderia se tornar algo diferente do que já é. Nossa visão de mundo está consolidada.

Possuímos visões semelhantes em muitos aspectos, educados por uma mesma cultura e, por que não, vivendo no mesmo mundo. Mas isso não evita divergencias. De fato, nem podemos conceber a idéia de duas pessoas compartilharem exatamente as mesmas impressões sobre "a vida, o universo e tudo mais". O consenso soa muito interessante para a sobrevivência de uma cultura, pois inibe a proliferação de idéias contrárias a ela. Lobotomia em massa. Porém, a nós, é o embate entre visões de mundo antagônicas que interessa. É aí que se pode examinar a fresta entre as visões e chegar-se à verdade.

E qual é a verdade? A verdade é que o mundo não é nada mais que a visão que se tem dele. Mil certezas serão afirmadas sobre a natureza das coisas e a única conclusão possível será a de que são mil visões de mundo, mil mundos possíveis. Apenas focando nossa atenção num objeto é que estaremos tornando aquele objeto o que acreditamos que ele seja. É assim, coisa por coisa, idéia por idéia, que tomamos conhecimento do caos que é o mundo e o organizamos numa estrutura coerente. Perceber isso abre as portas para uma infinidade de possibilidades. [leia Carlos Castaneda]

Ninguém precisa continuar a ser aquilo que acredita que é. Quando percebemos que somos livres e que o mundo não é mais do que percepção, todos nós temos o poder para tornar-mo-nos o que quisermos. Alterar a maneira como vemos o mundo e, portanto, como lidamos com ele não é uma tarefa simples. Ao contrário, talvez seja a mais desafiadora das empreitadas. Mas também a mais recompensadora. A verdadeira exploração de todo o infinito potencial humano.

Uma breve introdução à Liberdade

O que é liberdade? Como defini-la? Talvez seja mais fácil começar com outra questão: o que é ser livre? Ora, ser livre é poder fazer as suas próprias escolhas, não ter sua vontade subjulgada a outra coisa. Ser livre é ser o senhor de si mesmo. Sartre disse que estamos condenados à liberdade, mas somos mesmo livres?

Analizemos a seguinte conjuntura: Devemos seguir leis escritas, sejam elas de Deus ou do Estado. Temos milhares de espectativas, nossas e de outros, que buscamos cumprir para o bem de nossa vida social e profissional. A psicologia atribui boa parte de nosso comportamento a fatores além de nossa vontade, como o inconsciente ou o histórico de reforços e punições de um sujeito.

No meio disso tudo, não parece sobrar espaço para escolhas realmente livres. Mas então somos escravos? Nossa liberdade não passa de uma ilusão e na verdade estamos à mercê de milhões de outros fatores, tornando-nos meros espectadores de nossas próprias vidas? Sim. E não.

Acima de tudo, antes de tudo, somos seres que percebem. Somos capazes de tomar consciência de nós mesmos e de nossas relações numa profundidade tal que todas as questões acima podem nos ser apresentadas, questionadas e percebidas pelo que são: meros vícios de comportamento. Em última instância nada guia nossas ações além de nossa vontade, mas podemos nos deixar iludir por esses vícios e acreditar que eles agem sobre nós antes de nós mesmos.

A chave para compreender a liberdade é entender que ser livre é diferente de ser livre impunemente. A partir do momento em que se toma consciência da própria liberdade, não se pode atribuir seus atos a outra coisa que não você. Você é responsável por tudo o que faz, e não tem como se justificar. Não pode dizer "eu não tive escolha", porque teve. É muito fácil tornar-se complacente com seus próprios erros e negligências, bastando pra isso dizer que o mundo é assim mesmo e se entregar ao vício de sua preferência. Mas até mesmo essa entrega é escolha sua, e sua escravidão será de sua responsabilidade.

Ser livre, então, não é leveza, é peso. É peso pois tudo o que você faz no presente estará eternamente gravado na história, é irremediável, e trará consequências. Ser livre e ser responsável são uma e a mesma coisa, e ser responsável não é mais do que aceitar sobre si o peso das consequências de suas escolhas. [Leia "A Insustentável Leveza do Ser", Milan Kundera]

Volto então para a pergunta até agora não respondida: O que é liberdade?

Liberdade é a percepção de que sua existência é mesmo SUA para criar, e que cabe a você fazer algo dela. É a percepção de que esse algo pode ser qualquer coisa, o que quer que você ache que sua existência deva ser.

Ser livre é perceber-se livre.

A Barca do Sol

Navegando as águas turvas do Tietê ou a crista da onda em eterna expansão do oceano cibernético, os tripulantes da Barca do Sol avistam as infinitas potencialidades da realidade e regojizam-se. Por três dias e três noites festejam, cantando odes à sua humanidade, sua mortalidade e a tudo o que existe. Finalmente, numa grande cerimônia de encerramento, os mortos são lançados ao mar e os vivos sentem-se prontos. Piratas, filósofos, artistas, terroristas e vagabundos, todos pegam suas armas e aguardam o desembarque. A pilhagem vai começar.

A Barca do Sol foi uma banda setentista, com composições e arranjos bem elaborados e letras profundas, um som que pode ser classificado como folk rock muito brasileiro. Hoje, três décadas depois, a Barca do Sol desperta de seu sono para cantar o que já cantava outrora: os edifícios têm que cair.

Nenhum lugar é imundo ou limpinho o bastante para que não possa ser explorado. Nenhum assunto é impertinente. A Barca do Sol é um pretensioso projeto de jornalismo investigativo e debate filosófico, com seus canhões carregados e apontados para os pilares da cultura. Nada nem ninguém será poupado.

Dois temas irão inevitavelmente permear as reflexões da Barca: a Liberdade e a Percepção. Como a maioria não está familiarizada com esses conceitos, irei apresentá-los como ditam os bons costumes. Espero que com o tempo e a convivência vocês possam tornar-se íntimos.