quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Uma breve introdução à Percepção

Ter consciência é perceber. Inventamos dúvidas e certezas, lemos o mundo, tomamos consciência de sua existência porque somos seres que percebem. Auxiliados por nossa razão e nossa linguagem criamos noções a respeito das pequenas e das grandes coisas, inclusive da própria razão e da linguagem. Todas essas noções, coerentes ou paradoxais, se juntam no que é nossa visão do mundo, a percepção que temos do que é e do que não é. De tudo.

Quando somos jovens, tudo é novo. Ainda não temos noções bem estruturadas e nossas opiniões ainda estão tomando forma. O mundo ainda parece um mistério. Envelhecemos e nossa visão se torna opaca. Trocamos o mistério pela certeza de uma realidade concreta, racional e quantificável. A existência parece fazer tanto sentido que dificilmente poderia se tornar algo diferente do que já é. Nossa visão de mundo está consolidada.

Possuímos visões semelhantes em muitos aspectos, educados por uma mesma cultura e, por que não, vivendo no mesmo mundo. Mas isso não evita divergencias. De fato, nem podemos conceber a idéia de duas pessoas compartilharem exatamente as mesmas impressões sobre "a vida, o universo e tudo mais". O consenso soa muito interessante para a sobrevivência de uma cultura, pois inibe a proliferação de idéias contrárias a ela. Lobotomia em massa. Porém, a nós, é o embate entre visões de mundo antagônicas que interessa. É aí que se pode examinar a fresta entre as visões e chegar-se à verdade.

E qual é a verdade? A verdade é que o mundo não é nada mais que a visão que se tem dele. Mil certezas serão afirmadas sobre a natureza das coisas e a única conclusão possível será a de que são mil visões de mundo, mil mundos possíveis. Apenas focando nossa atenção num objeto é que estaremos tornando aquele objeto o que acreditamos que ele seja. É assim, coisa por coisa, idéia por idéia, que tomamos conhecimento do caos que é o mundo e o organizamos numa estrutura coerente. Perceber isso abre as portas para uma infinidade de possibilidades. [leia Carlos Castaneda]

Ninguém precisa continuar a ser aquilo que acredita que é. Quando percebemos que somos livres e que o mundo não é mais do que percepção, todos nós temos o poder para tornar-mo-nos o que quisermos. Alterar a maneira como vemos o mundo e, portanto, como lidamos com ele não é uma tarefa simples. Ao contrário, talvez seja a mais desafiadora das empreitadas. Mas também a mais recompensadora. A verdadeira exploração de todo o infinito potencial humano.

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