sábado, 22 de novembro de 2008

O tempo a passar

Que doa a toa
um momento em vão
lapso de consciência
a cara no chão

Perdi os controles
consoles, tabaco, rum
um borbulhar na barriga
e um fedido peido

Ah, vê problema?
Seu nariz se empina a tais alturas
que o julga imaculável
pelo odor de minhas entranhas
Há! Pois agüenta, altivo
pois é também deveras polido
para apontar-me o dedo
é indefeso
tem medo

Um momento!
Em vão escrevo
enrolo um trevo ou baseado
pra morrer com o tempo que mato
fumando mato
um hiato
na consciência
na awareness
se é que você me entende

É que é tudo tão complicado
essa coisa de dominar e ser dominado
disfarçado de respeitar e ser respeitado
que às vezes a gente precisa de um tempo
não concorda, meu irmão?
Pois bem, achei esse tempo
e não se parecia com o tempo que eu conhecia
um templo
prisão
sem tempo pra mim, pros outros
só pro tempo a passar
linear
mas não mais!

Num lapso de consciência
de pernas pro ar
liberto-me na essência
do pudor de aprisionar
O tempo é outro
é tempo de amar

Amor é liberdade
Liberdade é amor

Então doutor
perdoe-me pelos gases
são fases, preciso me limpar
desagradável que seja
doa a quem doer
ao menos, não dói à toa
ressoa a um tempo futuro
uma força que tudo move, comove
sabe, doutor Beto
all we need is love

2 comentários:

Anônimo disse...

adorei o finalzinho!

Anônimo disse...

um hiato de coisas não ditas e de sentimentos ruins.
um lapso do perdão.
"doa a quem doer, não dói a toa"

na verdade, realmente, todos nós precisamos de amor. Mas.. quem está disposto a aceitar? e doar?